Mais da metade dos pinguins-imperadores do mundo morrerão em 80 anos.
Cientistas avisam se o derretimento de gelo na Antártica seguir no ritmo atual, a espécie sofrerá uma devastação de difícil recuperação em suas populações.
Mais da metade dos pinguins-imperadores do mundo morrerão nos próximos 80 anos por causa do derretimento do gelo, alertam os cientistas.
Graças a pesquisas aéreas e por satélite, os pinguins-imperadores são provavelmente as únicas espécies nas quais os cientistas podem ter certeza de seus números – cerca de 600 mil.
Mas na terça feira (8) o Departamento Britânico de Pesquisa na Antártica alertou que mais da metade das aves – pelo menos 300 mil – morrerão sob as atuais taxas do aumento da temperatura global.
Isso ocorre porque o gelo marinho no qual eles precisam para se reproduzir corre o risco de derreter devido ao aumento da temperatura.
Em um artigo publicado na revista Biological Conservation, uma equipe internacional de pesquisadores revisou mais de 150 estudos sobre a espécie.
Os cientistas dizem que a pesquisa atual sugere que “as populações de pinguins-imperadores diminuirão em mais de 50% ao longo do século atual”.
Os pinguins-imperadores são espécies únicas entre os pássaros, pois se reproduzem no gelo marinho antártico sazonalmente.
Eles precisam de gelo marinho durante o tempo em que incubam seus ovos e enquanto criam seus filhotes.
Eles também precisam de gelo marinho estável depois de terem se reproduzido, durante o período em que migram anualmente, período em que não podem entrar na água, pois suas penas não são mais à prova d’água.
Pinguins-imperadores dependem de gelo estável durante todo o seu período de reprodução.
Consequentemente, a formação tardia de gelo no mar, o rompimento precoce ou mesmo a falha completa da formação rápida de gelo reduzem fortemente as chances de reprodução e criação de filhotes bem-sucedida e persistência da espécie em qualquer local.
O autor principal do estudo, Dr. Philip Trathan, chefe de Biologia da Conservação no Departamento Britânico de Pesquisa na Antártica (BAS) disse ao Daily Mail:
“A taxa atual de aquecimento em determinadas partes da Antártica é maior do que qualquer coisa no recente registro glaciológico”.
“Embora os pinguins-imperadores tenham experimentado períodos de aquecimento e resfriamento ao longo de sua história evolutiva, as taxas atuais de aquecimento não possuem precedentes”, alertou o cientista.
“Atualmente, não temos ideia de como os pinguins-imperadores se ajustarão à perda de seu habitat primário de reprodução – o gelo do mar. Eles não são ágeis e conseguir escalar em terra através de formas íngremes na costa será difícil”.
“Para a reprodução, eles dependem do gelo marinho e, em um mundo em aquecimento, há uma alta probabilidade de que isso diminua. Sem ele, eles terão pouco ou nenhum habitat para reprodução”.
Peter Fretwell, especialista em sensoriamento remoto da BAS e co-autor do artigo, disse ao Daily Mail: “Algumas colônias de pinguins-imperadores podem não sobreviver nas próximas décadas, então devemos trabalhar para dar o máximo de proteção possível às espécies, a fim de lhes dar a melhor chance”.
Rod Downie, consultor-chefe polar da WWF, que financiou o estudo, disse ao Daily Mail: “Os pinguins-imperadores estão perfeitamente adaptados para sobreviver na fronteira mais remota e extrema do planeta. Mas nem eles podem se esconder da crise climática global, pois perdem o gelo do mar bem debaixo de seus pés.”
“Precisamos tomar medidas urgentes para proteger essas espécies incríveis por meio da criação de vastas áreas marinhas protegidas e cortes rápidos e profundos nas emissões de gases de efeito estufa”.