Ao todo, 70% das enfermidades surgidas desde a década de 1940 são de origem animal, assim como o coronavírus, que enfrentamos hoje. A afirmação é do relatório (em inglês) da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO).
O documento explica que o crescimento da população e a expansão agrícola têm mudado drasticamente como as doenças surgem, ultrapassam fronteiras e se espalham e cita doenças como HIV-1, encefalopatia espongiforme bovina, síndrome respiratória aguda grave (Sars) e novos vírus de gripe. Ásia e África são os continentes mais vulneráveis.
A produção de alimentos de base animal é o coração da agricultura mundial hoje, segundo o documento. Um quarto da superfície terrestre é usada para o pasto de ruminantes, e um terço da terra arável é usada para o plantio de sementes para a pecuária, o que representa 40% da produção de cereais. A criação de animais usa mais terra do que qualquer outra atividade humana. Os principais produtos provenientes daí são leite, carne e ovos.
Ainda segundo a FAO, homens têm consumido mais carnes vermelha ou branca e também são os que mais se deslocam para outras regiões, aumentando, portanto, o volume de bens e produtos comercializados internacionalmente. Com isso, organismos que causam doenças viajam pelo mundo mais facilmente.
As mudanças climáticas, como alteração da temperatura, desequilíbrio das estações do ano e da duração dos períodos de chuvas, também influenciam o comportamento animal e biológico, provocando impacto sobre hospedeiros, vetores e patógenos.
E, dentro de um ciclo vicioso, a maior razão das mudanças climáticas acabam sendo as atividades dos humanos na terra, na produção agrícola, na exploração das florestas, na criação do gado e também com as mudanças climáticas.
Diante desse cenário, o relatório explica que não é possível tratar a saúde humana, animal e o meio ambiente de forma isolada. A agência recomenda, assim, evitar as causas das doenças e não simplesmente combater as enfermidades após seu surgimento.
Entre as medidas indicadas pela FAO, estão o fornecimento de alimentos de origem animal segura, vindos de gado saudável; a produção sustentável de sementes; a redução da pobreza, o controle das mudanças climáticas; a prevenção de que agentes de doenças da vida selvagem entrem em contato com animais domésticos e humanos.